domingo, 23 de novembro de 2008

MORCEGOS DA MADEIRA EM PERIGO

Feios, nocturnos, associados a contos de terror, os morcegos fazem falta as ecossistemas, previnem eventuais pragas agrícolas e, na Madeira, correm risco de extinção. O projecto da Universidade da Madeira para investigação e protecção das espécies endémicas foi chumbado pela Fundação para Ciência e Tecnologia e, de momento, o trabalho faz-se na base do entusiasmo.
A equipa, da qual faz parte o professor José Manuel Jesus, vai para o terreno quando pode, pois não tem meios para se dedicar em exclusivo à investigação. Ao certo, não se sabe quantos exemplares existem, o que é certo que não serão muitos. Numa das espécies endémicas a estimativa é de que existam pouco mais de 100 exemplares. O que significa, pelas normas internacionais, que este tipo de morcego corre risco de extinção.
São vários os factores que concorrem para a extinção dos morcegos na Madeira, a começar pelas mudanças drásticas ocorridas nos últimos 30 anos nos ecossistemas. A começar estão os hábitos dos nossos morcegos que, ao contrário da tradição das cavernas e grutas, preferem as casas abandonadas, os buracos em árvores e as fissuras em prédios. Ou seja, prefere habitats mais vulneráveis.
Uma casa velha deitada ao chão pode significar a destruição de uma colónia destes pequenos mamíferos que, sem poiso para dormir durante o dia, ficam desorientados. E como se não bastasse a opção por “casas” pouco seguras, as cinco espécies da Madeira debatem-se há anos com as consequências das novas práticas agrícolas.
A dieta dos morcegos faz-se de insectos, sobretudo de borboletas e besouros nocturnos ou crepusculares como eles. Estes insectos alimentam-se, por sua vez, de plantas e, nos últimos tempos, as plantas estão cheias de químicos. Os fertilizantes para adubar, os pesticidas para combater as pragas e, pior ainda, os herbicidas para facilitar o trabalho e acabar com a monda manual.
Os investigadores da Universidade da Madeira acreditam que podem desenvolver a função de insecticida natural aos mamíferos. A ideia é começar pelos castanheiros e pelo combate ao bicho da castanha, provocado por uma borboleta. Para travar o avanço da praga os biólogos da UMa defendem a colocação de caixas nos castanheiros e nas suas imediações como forma de atrair os morcegos.

In Diário de Notícias da Madeira

8 comentários:

Anónimo disse...

ontem á noite vi pelo menos dois morcegos a voar junto ao café Capoeira galo resort no Caniço.

FranciscoBarreto disse...

Sim, na zona de Santa Cruz (Caniço incluído) são por vezes avistados alguns Pipistrellus maderensis, espécie endémica da Madeira.

Scherzan disse...

Não entendo o porquê da sua extinção. Estando a Laurisilva supostamente protegida da febre da humanidade na construção, não é de esperar que esta es´pécie sobreviva? Digo isto porque creio que nidifique e viva essencialmente na parte florestal.

Brilhante blog. É um orgulho saber que existem blogs desta natureza na ilha. Vi-o na RTP2 como exemplo da blogosfera a seguir.
Um abraço aos seus contributores.

FranciscoBarreto disse...

Caro Scherzan,

Fico feliz, em nome dos alunos da nossa escola e, em particular, daqueles mais directamente ligados ao projecto Eco-Escolas, por ter gostado do nosso blogue.
Quanto ao facto deste ter sido indicado na RTP2 como um dos blogues a seguir devo confessar que me está a dar uma (boa) notícia em primeira mão.
Obrigado por nos vistitar

FranciscoBarreto disse...

Ah, quanto ao motivo de se encontrarem identificados como espécies em vias de extinção, tal deve-se muito em parte à destruição dos seus habitats naturais (são animais cavernícolas e estes espaços, maioritariamente no litoral, estão a ser cada vez mais arrebatados para construção e exploração humana, por exemplo na agricultura), o que faz com que aqueles se tenham de adaptar ao espaço urbano - casas e edifícios abandonados, principalmente. O preconceito de que estas espécies são nocivas para a humanidade, o que não é verdade (algumas espécies sê-lo-ão atacando gado e populações, mas não as que cá temos na Madeira) também não tem ajudado. Os nossos morcegos, pelo contrário, prestam-nos valiosos serviços como a polinização, dispersão de sementes e controlo de pragas de insectos. Além disso o morcego madeirense (Pipistrellus maderensis) cabe na palma de uma mão!

FranciscoBarreto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marco disse...

Hoje de manhã deparei-me com um morcego morto no meu quintal.
Foi a primeira vez que vi um tão de perto. Embora não sendo bonito (talvez pelo misticismo que carrega), é realmente fascinante pela sua fisionomia híbrida.
Os meus filhos (12 e 7 anos) ficaram espantados com o achado, e logo surgiram as histórias de vampiros. Para acabar com os mitos (a minha filha até pensava que os morcegos não existiam na realidade), fizemos uma busca no Google e demos com este blog.
Será comum em Água de Pena (Machico) aparecerem morcegos?
Este que encontramos era pequeno, cabia na palma da mão de um adulto.
Não sei qual é a espécie, mas tirei algumas fotos.
Há algum perigo no contacto com estes que existem na Madeira?

ivaniterranova@yahoo.com disse...

moro em salvador,em um ap no 8 andar,de dia coloca água pra beija-flor,fica cheio,a noite os morcegos são dezenas deles bebendo,eu gosto,ams tem gente mandando tirar q pode ser perigoso,será?