domingo, 22 de março de 2009

ÁGUA...

Que seria de mim, sangue da minha vida, sem ti?
Escorrendo pelos meus dedos como o tempo que vivi
Água translúcida, inodora, envolvente mas sem sabor
Tal qual minha existência nas longas noites sem amor

Recordo-me de teus lábios molhados com sabor a mel
As gotas de suor que se juntaram sobre nossa pele
Os momentos que passámos envoltos os dois
O gemido no escuro, a dor do prazer que vem depois

E vem-me à memória aquele dia em que soltaste o desgosto
A lágrima que por entre a chuva me lavou o rosto
Escorrendo da suja culpa que me paralisou o grito
Aterrorizado pelo medo de perecer, de sede de ti aflito

Água, que tantas vezes me lavas a alma e me levas a dor
Ubíqua testemunha ocular do nosso crime de amor

E definhando na tua ausência, a um Deus suplico socorro
Clamo por ti porque sei que se não beber de ti eu morro

Renato Azevedo



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