Parte III
Nessa noite Gon-Gon mal conseguiu pregar olho. Retorcia-se na cama, assaltado pelos pensamentos que se lhe afluíam à mente em catadupa. Pensava no futuro de Pterodrómia, a bela fêmea que jazia ali ao seu lado dormindo profundamente e a quem jurara amor eterno; pensava no jovem Bugio – o nome com que ele e Pterodrómia decidiram baptizar o bebé – a dar os primeiros passos no topo do planalto, o seu primeiro voo, enfim. Os simples pensamentos de que tudo isso poderia estar em causa, que todos os seus sonhos, todo o seu projecto de vida, estavam agora ameaçados pelo crescimento desenfreado de uma população de coelhos e outros mamíferos, davam-lhe a volta ao estômago.
“Tudo começou há muitos anos atrás quando o Homem aqui chegou trazendo consigo alguns animais como os coelhos, as cabras ou os murganhos”. As palavras do pai de Pterodrómia ressoavam-lhe na mente como os sinos da catedral que ouvira uma vez ao sobrevoar a grande ilha. “Então o Homem, essa espécie esquisita de mamíferos sem pêlo que se deslocam apoiados em duas patas – apesar de possuírem quatro, era o responsável por tudo isto” matutou. Gon-Gon já havia avistado alguns homens a flutuarem junto ao ilhéu numa jangada estranha que, como por magia, se movia sozinha. Também já havia descortinado dois deles ao sobrevoar a Deserta Grande, instalados numa espécie de gruta enorme. Curiosamente o jovem macho ficara com a impressão de que a sua presença na ilha pareceu despertar-lhes o interesse. Apesar de tudo não pareciam tratar-se de seres ameaçadores, pelo menos quando comparados com os malditos coelhos ou as gaivotas-de-patas-amarelas. Gon-Gon recordava-se claramente da sensação de tranquilidade com que fora acometido ao cruzar o seu olhar com o daqueles enormes mamíferos. Apesar da sua aparência bizarra a sua expressão transmitia de alguma forma uma certa confiança, como se estivessem ali para ajudar.
“É isso!” exclamou o futuro pai, deixando escapar uma vocalização que quase fez acordar a sua companheira. “Se calhar é por isso que estão nas Desertas! Para remediar os erros dos seus antepassados!”, só pode ser, pensou. “Que outra explicação poderia haver para a permanência de uma população tão pequena de indivíduos num local inóspito como este?” Este último pensamento restituiu a calma a Gon-Gon que nesse preciso momento acabara de tomar uma decisão: No dia a seguir iria à Deserta Grande pedir ajuda à pequena colónia de mamíferos mal-parecidos. Pouco depois deixou-se submergir num sono profundo envolvendo carinhosamente Pterodrómia com uma asa.
“Tudo começou há muitos anos atrás quando o Homem aqui chegou trazendo consigo alguns animais como os coelhos, as cabras ou os murganhos”. As palavras do pai de Pterodrómia ressoavam-lhe na mente como os sinos da catedral que ouvira uma vez ao sobrevoar a grande ilha. “Então o Homem, essa espécie esquisita de mamíferos sem pêlo que se deslocam apoiados em duas patas – apesar de possuírem quatro, era o responsável por tudo isto” matutou. Gon-Gon já havia avistado alguns homens a flutuarem junto ao ilhéu numa jangada estranha que, como por magia, se movia sozinha. Também já havia descortinado dois deles ao sobrevoar a Deserta Grande, instalados numa espécie de gruta enorme. Curiosamente o jovem macho ficara com a impressão de que a sua presença na ilha pareceu despertar-lhes o interesse. Apesar de tudo não pareciam tratar-se de seres ameaçadores, pelo menos quando comparados com os malditos coelhos ou as gaivotas-de-patas-amarelas. Gon-Gon recordava-se claramente da sensação de tranquilidade com que fora acometido ao cruzar o seu olhar com o daqueles enormes mamíferos. Apesar da sua aparência bizarra a sua expressão transmitia de alguma forma uma certa confiança, como se estivessem ali para ajudar.
“É isso!” exclamou o futuro pai, deixando escapar uma vocalização que quase fez acordar a sua companheira. “Se calhar é por isso que estão nas Desertas! Para remediar os erros dos seus antepassados!”, só pode ser, pensou. “Que outra explicação poderia haver para a permanência de uma população tão pequena de indivíduos num local inóspito como este?” Este último pensamento restituiu a calma a Gon-Gon que nesse preciso momento acabara de tomar uma decisão: No dia a seguir iria à Deserta Grande pedir ajuda à pequena colónia de mamíferos mal-parecidos. Pouco depois deixou-se submergir num sono profundo envolvendo carinhosamente Pterodrómia com uma asa.
(Continua...)
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